sábado, 15 de janeiro de 2011

A Psicopedagogia

A Psicopedagogia é uma área interdisciplinar fundamentada em conteúdos psicológicos e pedagógicos, bem como em contribuições da fonoaudiologia, lingüística, neurologia, dentre outros campos específicos de conhecimento (Bossa, 2000). Sua ação visa melhor compreensão do processo de aprendizagem humana e suas repercussões no desenvolvimento do indivíduo, identificando sua apropriação do conhecimento, evolução e fatores interferentes, propiciando o reconhecimento, tratamento e prevenção das alterações da aprendizagem que deles decorrem. Segundo Bossa (2000), o termo aprendizagem, com o qual trabalha a Psicopedagogia, "remete a uma visão de homem como sujeito ativo num processo de interação com o meio físico e social" (p.75), em cujo processo interferem seu equipamento biológico, condições afetivo-emocionais e intelectuais.
O trabalho do Psicopedagogo

O psicopedagogo, através do diagnóstico clínico, irá identificar as causas dos problemas de aprendizagem. Para isto, ele usará instrumentos tais como, provas operatórias (Piaget), provas projetivas (desenhos), EOCA, anamnese.Na clínica, o psicopedagogo fará uma entrevista inicial com os pais ou responsáveis para conversar sobre horários, quantidades de sessões. O histórico do sujeito, desde seu nascimento, será relatado ao final das sessões numa entrevista chamada anamnese, com os pais ou responsáveis.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Volta às Aulas

O início do ano letivo se aproxima e com ele muitas expectativas e aquele friozinho na barriga, comum no primeiro dia de aula.
Mesmo quando não há mudança de escola, a mudança de professores, do espaço físico (sala de aula) e de alguns amigos é suficiente para gerar insegurança.
Muitas são as expectativas dos pais, avós, tios e professores em relação ao novo ano. Comentários como “passou de ano?” ou “já está um rapaz (ou mocinha), vai para o 4º. ano...” ,por exemplo, são muito comuns e contribuem para o aumento da ansiedade da criança neste momento.
Os sentimentos dos estudantes alternam-se entre euforia e entusiasmo por rever amigos e professores e, ao mesmo tempo, medo de não ser aceito ou de “não dar conta” desta nova etapa.
É importante que os pais demonstrem confiança e apóiem seus filhos nesta fase. Conversar com eles também é fundamental. É bom ficar atento. Se a ansiedade natural do 1º dia tornar-se um sofrimento para a criança deve-se procurar a escola.
Se a criança está mudando de escola, a atenção deve ser redobrada. Muitas vezes pensamos que só os pequenos necessitam de “adaptação”. Fazer um horário mais curto na primeira semana, por exemplo, pode ajudar a criança a se adaptar mais tranquilamente.
Além de gerar expectativa, o período de volta às aulas, como todo recomeço, é uma excelente oportunidade para criar novos hábitos, superar dificuldades e modificar o que não foi positivo no ano anterior. Então, bom começo!

Dicas para começar o ano com o pé direito:

  • Organizar com a criança um local próprio para estudar em casa. O material deve estar à mão: revistas, livros, dicionário, tesoura, cola, lápis de cor, etc.
  • Assinar uma revista no nome da criança. Vale qualquer uma, o importante é criar o hábito e desenvolver o gosto pela leitura. Além dos gibis, sugiro as revistas Recreio, Superinteressante, Ciência Hoje, e para os maiores, História Viva, Isto é, Galileu, Época.
  • Encapar os livros para que fiquem mais resistentes.
  • Estabelecer horários para tarefas de casa, televisão, computador, etc.
  • Organizar um quadro de horários com as atividades semanais e afixá-lo em local visível.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

CAIXA DE TRABALHO

Muitos Psicopedagogos utilizam a caixa de trabalho como mais uma opção no tratamento psicopedagógico, embora existam psicopedagogos que não trabalhem com a mesma. Veremos aqui o que é a caixa de trabalho, suas vantagens e desvantagens.

Visca idealizou a caixa de trabalho para se trabalhar com as dificuldades de aprendizagem e, para isso, inspirou-se na caixa individual utilizada pelos terapeutas analista na Psicanálise de crianças. Ela seria composta de brinquedos e materiais escolhidos para representarem o mundo interno das crianças, suas fantasias inconscientes frente ao mundo (BARBOSA, 2000, p. 35).

Visca nos diz que:

...cada caixa de trabalho é única, não apenas porque será usada por um único paciente (individual ou grupal), mas também no sentido de que não há caixas duas iguais, da mesma maneira que não existem dois indivíduos ou dois diagnósticos iguais (1987, p. 29).

A caixa deverá ser única porque ela representa uma importância significativa para o sujeito, já que contém objetos que foram escolhidos para ele, os quais intencionam promover “... a superação ou a minimização das dificuldades de aprendizagem” (BARBOSA, 2002, p. 36).

A caixa de trabalho constitui-se, na sua forma física, só e tão somente numa caixa de papelão, de cartolina ou plástica, num tamanho suficiente que possibilite guardar todo o material de uso e pequenas construções.

Embora simples na aparência tem um rico significado internamente já que é ali que o sujeito depositará suas construções e elaborações como desenhos, pintura, texto etc. Ela representa “o depositário de conteúdos simbólicos do paciente” (WEISS, 2003, p. 152). Ela não deverá se tornar apenas receptáculos de materiais e produções, pois representa o mundo interno do aprendiz, devendo ser manejada apenas por seu dono, sem correr o risco de ser mexida ou observada por terceiros, é o que nos aconselha Barbosa. O psicopedagogo deverá garantir a privacidade do sujeito para que este não se sinta invadido e não perca a confiança.

Para Barbosa ela é “um continente, no qual a criança poderá depositar seus conteúdos de saber e de não saber” (2002, p. 35).

Weiss nos informa que “Os materiais a serem colocados são definidos ao final do diagnóstico quando se planeja o tratamento” (2003, p. 152). Barbosa completa nos dizendo que os materiais são escolhidos previamente de acordo com a leitura que fizemos da criança ou adolescente durante a avaliação psicopedagógica (2002, p. 35).

Para se organizar uma caixa é preciso considerar alguns aspectos, tais como: estágio de pensamento, interesses ou motivações, déficits de aprendizagem, sexo, idade, meio sócio-cultural, prognóstico e grau de focalização da tarefa (Visca, 1987, p. 29). Barbosa completa ainda com: nível de apropriação da linguagem escrita, vínculos afetivos estabelecidos com as situações de aprendizagem (2002, p. 36).

Barbosa nos faz uma observação de extrema relevância a cerca da composição da caixa. Há crianças ou adolescentes que apresentam o predomínio da assimilação, ou seja, são aquelas que se aproximam mais de situações lúdicas. Para estes sujeitos deverão ser colocado apenas um material não estruturado (tinta, argila, peças para montar, massa de modelar, etc) e mais materiais estruturados ou semi-estruturados (cadernos, livros, jogos com regras, modelos, receitas etc) a fim de que ele se identifique com a caixa através deste único material não-estruturado e experimente mudanças através dos diferentes materiais estruturados (2002, p. 36-37).

O excesso de materiais não estruturados para este tipo de aprendiz representa o excesso de recursos distratores, dificultando sua concentração e sua busca em direção ao movimento de acomodação, que o obriga a modificar os esquemas de aprendizagem já existentes (Id. Ibid., 2002, p. 37).

Já em outros sujeitos ocorre o predomínio da acomodação, que são aqueles que estão sempre modificando seus esquemas de forma excessiva o que acabam por imitar e não criar. Para estes, Barbosa recomenda um material estruturado para servir como ponto de partida e mais materiais não-estruturados para que criem sem seguir modelos, sem modificar seus esquemas de aprendizagem, ou seja, são sujeitos que necessitam de uma maior flexibilidade.

Além de materiais, estruturados e não estruturados, a caixa deverá conter materiais básicos que servirão de apoio, tais como: lápis, borracha, régua, apontador e a depender da necessidade apontada pela avaliação: tesoura cola, revistas para recortar, cadernos etc.

A caixa de trabalho pode ser incluída como uma das constantes do enquadramento, a qual só poderá sofrer modificações com novos combinados entre o terapeuta e o sujeito. Dentre as modificações está o acréscimo ou a retirada de algum objeto. Se isto for feito sem nenhum critério ou avaliação, a evolução do sujeito poderá ser seriamente prejudicada.

É comum crianças e adolescentes quererem trazer objetos de casa ou levar objetos da caixa para casa. Isto só pode acontecer se fizer parte de um combinado entre aprendiz e terapeuta; se for contribuir para a aprendizagem ou para a minimização da dificuldade de aprendizagem; se houver clareza dos objetivos desta ação (Id. Ibid., 2002, p. 38)

Outra modificação está em repor objetos como uma cola que a criança usou em apenas uma tarefa de recorte e colagem. Barbosa nos orienta repor “dependendo da consciência que ela possui em relação aos limites e ao seu descontrole frente aos limites” (2002, p. 38).

Além da caixa de trabalho, há profissionais que trabalham com o que Bosse denominou de material disparador em seu artigo na revista Psicopedagogia: O material disparador – considerações preliminares de uma experiência clínica psicopedagógica.

Nesta citação ela explica porque acredita ser inviável trabalhar com a caixa de trabalho:

Em nossa realidade atual, torna-se praticamente inviável ao psicopedagogo dispor de materiais como: jogos, tesouras, caixas de lápis de cor etc. para uso exclusivo de um único cliente. A menos que o profissional se dedique a atender pessoas de classe econômica alta, o que não me parece ser o objetivo da Psicopedagogia (BOSSE, 1995, p. 81).

Consiste em selecionar um material previamente ao início de cada sessão e tem como objetivo mobilizar o sujeito à busca da aprendizagem. A eleição do material acompanha os interesses e necessidades da criança ou adolescente. Segundo Bosse, o material disparador poderá ser um livro, um jogo, pedaços de tecido, papel de dobradura etc.

Feita a seleção, o material é deixado sobre a mesa de trabalho ao lado de uma caixa com instrumentos básicos de uso comum a todos os clientes, tais como, lápis, borracha, tesoura, cola, caneta, régua, apontador, hidrocor, papel sulfite, papel pautado, quadriculado e colorido.

Ela nos diz que o mesmo material deverá ser oferecido ao sujeito por várias sessões seguidas até que se esgote o seu interesse, entretanto observa que o fato dele perder o interesse não significa que ele tenha superado a defasagem. Então, caberá ao psicopedagogo encontrar ‘uma nova “brecha” entre os interesse da criança, que permita trabalhar aquela mesma dificuldade’ (1995, p. 82).

Da mesma forma que a caixa de trabalho, o material a ser oferecido deverá estar de acordo com seu nível cognitivo para que lhe dê estímulo em seguir adiante. Porém também deverá ser oferecido outro material que mobilize aprendizagens de um nível imediatamente superior ao que o sujeito se encontra para que se possa desafiá-lo a trabalhar com suas dificuldades, superando suas resistências.

As substituições também não deverão ser feitas de forma aleatória. Elas deverão responder a questões tais como: “Porque vou substituir este disparador nesta sessão? Porque vou introduzir outro”. Mesmo quando o sujeito pedir algo e este objeto estiver na sala, ela propõe que diga que talvez lhe seja entregue na próxima sessão. Isto permitirá avaliarmos o seu nível de tolerância à frustração e suas resistências.

Creio que seja essa a contribuição da proposta que desenvolvi com o material disparador: a organização e sistematização de uma prática adequada à realidade brasileira e, ao mesmo tempo, coerente com os princípios de um modelo mais amplo, que é o da Epistemologia Convergente, que lhe dá sustentação. (BOSSE. P. 1995, p. 83).

Deveremos lembrar mais uma vez, que a proposta da Epistemologia Convergente é de se trabalhar com a caixa de trabalho, através da qual o psicopedagogo irá observar as ações do cliente para, a partir daí, fazer suas intervenções com o objetivo de promover o seu avanço em relação às dificuldades.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARBOSA, Laura Monte Serrat. Caixa de trabalho uma ação psicopedagógica proposta pela Epistemologia Convergente, in Psicopedagogia e Aprendizagem. Coletânea de reflexões. Curitiba, 2002.

BOSSA, Nadia A. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre, Artes Médicas, 2000.

______________. Dificuldades de Aprendizagem: O que são? Como Trata-las? Porto Alegre, Artes Médicas Sul, 2000.

BOSSE, Vera R. P. O material disparador – considerações preliminares de uma experiência clínica psicopedagógica. In: Psicopedagogia, Rev 14 (33), São Paulo, 1995.

PAÍN, Sara. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. Porto Alegre, Artes Médica, 1985.

WEISS, M. L. L. Psicopedagogia Clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. Rio de Janeiro, DP&A, 2003.

TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade

Por: Simaia Sampaio

O estudo do TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (denominação dada na 4ª edição no manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais – DSM-IV) da Associação Psiquiátrica Americana-APA não é recente. Estudos científicos sobre o assunto vêm sendo realizados desde o começo do século XX.

Um dos primeiros autores a escrever sobre o assunto foi Dupré, no período da Primeira Guerra Mundial, que acreditava tratar-se de uma lesão cerebral mínima. Mais tarde, em 1962, num simpósio de Oxford, foi oficializado a expressão Disfunção Cerebral Mínima. Em 1966, um grupo de estudos concluiu que esta disfunção pode originar-se de variações genéticas, irregularidades bioquímicas, sofrimento perinatal, moléstias ou traumas sofridos durante os anos críticos para a maturação do sistema nervoso central.

Esta expressão foi utilizada no meio científico até 1980, quando a Associação Psiquiátrica Americana propôs uma nova denominação: Síndrome do Déficit de Atenção. Esta denominação passou a englobar tanto a hiperatividade como as demais funções que originam da falta de maturação do sistema nervoso central tais como: incoordenação motora, falta de equilíbrio, distúrbios de fala, alteração de sensibilidade, distúrbios de comportamento e dificuldades escolares.

George Frederic Still, em 1902, fez alguns estudos com grupos de crianças que apresentavam características agitadas, desafiadoras, agressivas, passionais, com a finalidade de obter delas um comportamento mais aceitável. Descobriu que, por não existirem maus tratos pelos pais, os problemas deveriam ser de origem biológica, pois alguns membros da família possuíam problemas psiquiátricos como depressão, problemas de conduta, alcoolismo, dentre outros (HALLOWELL, 1994, p. 271).

CAUSAS

Hoje é sabido que a ocorrência de ADD (do inglês: Attention Déficit Disorder) está muitas vezes relacionada a problemas durante a gravidez e parto.

“As chances de uma criança sofrer de hiperatividade e Déficit de Atenção aumenta se a mãe fumar na gravidez. Médicos da Universidade de Harvard notaram que 22% dos pacientes estudados eram filhos de fumantes” (VEJA, 1996, p. 18)

Complicações perinatais, ingestão de álcool e utilização de drogas durante a gravidez, infecção do Sistema Nervoso Central na primeira infância, efeitos colaterais de certas medicações, predispõem a Déficits de Atenção. Causas ambientais, tais como, desvantagem social, famílias numerosas e superlotação também já foram apontadas.

Muitos autores ligam o TDAH ao consumo de alguns alimentos durante a gestação e também o contato de gestantes com alguns produtos químicos como ceras, desinfetantes, detergentes, removedores que poderiam causar danos ao feto, porém nada foi comprovado. Hipóteses místicas também já foram apontadas não possuindo, porém, nenhum fundamento científico.

Sua origem é genética e seus portadores apresentam uma taxa menor de dopamina, um neurotransmissor responsável pelo controle motor e atenção, tendo como conseqüência a falta de concentração, característica primordial do hiperativo, e o esquecimento daquilo que lhe é pedido.

A incidência é maior em meninos, chegando a 80% dos casos, do que em meninas, e por esse motivo pode estar relacionado ao hormônio masculino, a testosterona. Em alguns casos, meninas com TDAH apresentam gestos masculinos e fala grossa como conseqüência de um aumento nessa taxa de hormônio.

Chega a atingir de 3 a 5% da população escolar infantil, provocando baixo rendimento escolar, baixa auto-estima e dificultando os relacionamentos entre os colegas (SMITH e STRICK, 2001).

Pestinhas, diabinhos, distraídos, desobedientes, agitados. Estes são alguns dos adjetivos usados para definir o indivíduo que sofre de ADD, um problema que atinge, em todo o mundo, cerca de 5% das crianças e adolescentes. Um dos distúrbios de atenção, muitas vezes confundido com indisciplina, é o chamado hiperatividade.

HIPERATIVIDADE

Para caracterizar um hiperativo é importante se levar em conta o tempo que a criança começou a apresentar os sintomas. Segundo o DSM IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) os sintomas deverão ser ininterruptos e com duração mínima de seis meses sem limitar-se a apenas uma situação.

A criança não precisa, necessariamente, apresentar todas as características descritas, mas parte delas. Porém é importante que seja observado com muito cuidado porque existem crianças que apresentam algumas destas características, mas não são hiperativas, são crianças agitadas devido a alguma situação pela qual esteja passando ou mesmo como se chama “mal educadas”.

CARACTERÍSTICAS:

Uma criança ou um adulto hiperativo pode estar em qualquer lugar; batendo os pés, sentando e levantando a todo o momento, cantando sem parar, assobiando em horas impróprias, distraindo-se com facilidade, impacientes em filas, não se mantêm sentado durante as refeições, não se concentra em um canal de televisão mudando sempre, faz movimentos desnecessários com o corpo, possui gestos bruscos, tem sono agitado, perde-se no tempo.

Quando bebês, normalmente possuem sono intranqüilo, mexendo-se muito, ao começar a andar tropeçam e se esbarram mais do que o normal. Podem apresentar um retardo na fala e troca de letras por um período maior.

Na realidade não podemos dizer que esta criança não presta atenção a alguma coisa, mas sim a várias coisas ao mesmo tempo e por isso distrai-se facilmente.

O hiperativo apresenta certa incoordenação motora. Possui dificuldade para andar de bicicletas, patins, pular cordas, subir em árvores, abotoar roupas, amarrar sapatos, fazer recortes com tesoura, arremessar bola etc.

Conforme Golfeto, a criança hiperativa apresenta dificuldade em distinguir direita de esquerda, alterações de memória visual e auditiva, em orientar-se no espaço, fazer discriminações auditivas, em elaborar sínteses auditivas, além de possuir má estruturação do esquema corporal (1992, p. 12).

Em geral, é desorganizada, distraída, esquecida, bagunceira, não gosta de limites, possui dificuldades em completar tarefas, e nos relacionamentos com colegas. Estas características ficam mais evidentes e perceptivas no período escolar cujo nível de concentração deve aumentar para que ocorra a aprendizagem.

Na escola é a criança problema, respondendo aos professores com agressão, não respeitando limites, xingando e batendo nos colegas, não se concentrando e atrapalhando as aulas, o que prejudica seu rendimento escolar.

Geralmente é apontada como desorganizada pelos professores. Quando começa uma atividade quase sempre não a faz ou deixa pela metade, interessando-se por outra e depois por outra e assim nunca conclui o que começou, prejudicando sua aprendizagem. Por não conseguir terminar suas tarefas, não parar quieto na sala, mexer com todo mundo atrapalhando a aula, é bombardeada por palavras desagradáveis seja por partes dos professores ou colegas. Esta atitude tende a baixar sua auto-estima.

Em casa deixa os pais desorientados. Bagunça o quarto, sobe em armários, não senta à mesa para refeições, não obedece. Os pais devem estar atentos para quando perceber um comportamento excessivamente agitado e unindo às queixas escolares, procurar um especialista. É importante que as queixas não sejam somente em casa, mas que se apresentem em outros lugares também, assim descarta-se a hipótese de querer aborrecer os pais por algum motivo que lhe esteja incomodando como o nascimento de um irmão, os pais trabalharem fora muito tempo e não lhes dar atenção etc.

BAIXA AUTO-ESTIMA E COMPORTAMENTO DE RISCO

O hiperativo normalmente é rejeitado pela sociedade. Seu comportamento inadequado prejudica a concentração dos colegas que passa a excluí-lo. Esta exclusão pode levar o indivíduo a desenvolver problemas psicológicos podendo tornar-se introvertido ou agressivo, exibicionista e com baixa auto-estima acentuadas.

Estas pessoas têm tendência a comportamentos de alto risco tais como vícios, jogatina, temperamento explosivo e acidentes. Como já foi citado, anteriormente, elas não possuem exata noção de limites e unindo à sua baixa auto-estima tentam fugir de seus problemas através destes vícios.

Crianças hiperativas adoram correr riscos, pois não possuem a exata noção de perigo e limites. Podem se machucar com muita facilidade, sendo desajeitadas, esbarrando-se em copos, mesas, pessoas, levando os pais a prejuízos por danos causados a terceiros ou a elas mesmas, como atravessar uma rua sem olhar para os lados devido a sua impulsividade e falta de atenção.

O ADULTO COM TDAH

O adulto hiperativo apresenta problemas no trabalho e no relacionamento, bem como problemas emocionais.

Eis algumas características observadas:

- É desorganizado;

- Perde coisas;

- Chega quase sempre atrasado;

- Diz o que vêm à mente sem preocupação se o lugar é apropriado;

- Explode com facilidade;

- Sente-se inseguro;

- É inquieto estando sempre mexendo pernas, dedos, joelhos;

- É impaciente, em filas de banco está sempre reclamando ou acaba desistindo;

- Não fica sentado muito tempo saindo de onde estiver com freqüência;

- Baixa auto-estima;

- Tem muitos projetos ao mesmo tempo e acaba não terminando nenhum;

- Atrapalha-se com horários por causa da desorganização;

- Sente-se inferior aos outros;

- Possui dificuldade de concentração;

- Esquece-se o que estava falando;

- Sente-se inferior aos outros;

- Tem sempre a sensação que não vai conseguir alcançar seus objetivos.

Em decorrência destes fatores, o adulto hiperativo possui dificuldades em se manter no emprego, ou o abandona por tédio.

A família poderá ajudá-lo não fazendo críticas, libertando-o da culpa que provavelmente sentirá ao não conseguir manter-se no emprego, concluir tarefas ou alcançar seus objetivos.

Incentivá-lo a buscar ajuda com um especialista.

De acordo com a Associação Brasielira do Déficit de Atenção alguns adultos tiveram TDAH na infância e ainda tem alguns sintomas na vida adulta, porém em menor quantidade e sem existir muitos problemas causados pelos sintomas e quando ocorrem eles aparecem apenas em uma única situação, como o trabalho, por exemplo, mas não em nenhuma outra.

DIAGNÓSTICO

Um diagnóstico e tratamento corretos poderão ajudar a criança a diminuir as repetências, elevar sua concentração por um período maior de tempo, evitar depressão, superar problemas de relacionamento, ajudá-lo na orientação vocacional, evitar envolvimento com drogas.

Até pouco tempo acreditava-se que os sintomas de TDAH desapareciam na adolescência e na vida adulta. Muitos ainda acreditam que só ocorre no período da infância. Entretanto, recentes pesquisas mostraram que 50% a 75% dos casos continuam na idade adulta. Há casos que a hiperatividade tende a diminuir ou desaparecer devido a um amadurecimento do cérebro que acaba equilibrando a produção de dopamina.

Muitos pais demoram muito de procurar ajuda ou não aceitam um diagnóstico de hiperativo, por achar que é coisa da idade, que toda criança é agitada mesmo, que isso irá passar. Porém quando o problema demora a ser diagnosticado, o hiperativo, a partir da sua puberdade, pode procurar as drogas, o álcool, praticar agressões sexuais, a fim de tentar superar suas dificuldades em adaptar-se à vida social, e em alguns casos podem cometer até o suicídio.

O diagnóstico de um especialista é importante porque nem sempre aquela criança agitada é hiperativa.

A hiperatividade poderá ser confundida com outras patologias ou mesmo vir junto com estas, tais como: autismo, deficiência auditiva, dislexia, deficiência mental, que pode tornar o diagnóstico difícil, tendo, portanto que ser realizado por um profissional especializado.

Muitos pais ou adultos hiperativos buscam várias especialidades para fazer um diagnóstico, e muitas vezes não conseguem chegar a um consenso.

Para fazer o diagnóstico, é indicado um psiquiatra, que deverá fazer uma anamnese com pais e pessoas de seu convívio como professores, empregadas e terapeutas se estiver sendo acompanhado por alguém.

De acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção Eletroencefalograma, o Mapeamento Cerebral, a Tomografia Computadorizada, a Ressonância Magnética e o Potencial Evocado não podem fornecer este diagnóstico!

Apresentamos abaixo um guia extraído do site da Associação Brasileira do Déficit de Atenção (http://www.tdah.org.br/diag01.php), extraído do Manual de Diagnóstico e Estatística - IV Edição (DSM-IV) da Associação Psiquiátrica Americana. É utilizado por profissionais especializados em TDAH para o diagnóstico clínico.

Lembre-se: você poderá até utilizá-lo com alguém que conhece para uma suspeita de um quadro de hiperatividade, porém não substitui de forma alguma o diagnóstico de um profissional.

Disgrafia

Disgrafia

Simaia Sampaio

O que é:

A disgrafia é também chamada de letra feia. Isso acontece devido a uma incapacidade de recordar a grafia da letra. Ao tentar recordar este grafismo escreve muito lentamente o que acaba unindo inadequadamente as letras, tornando a letra ilegível.

Algumas crianças com disgrafia possui também uma disortografia amontoando letras para esconder os erros ortográficos. Mas não são todos disgráficos que possuem disortografia

A disgrafia, porém, não está associada a nenhum tipo de comprometimento intelectual.

Carcaterísticas:

- - Lentidão na escrita.

- - Letra ilegível.

- - Escrita desorganizada.

- - Traços irregulares: ou muito fortes que chegam a marcar o papel ou muito leves.

- - Desorganização geral na folha por não possuir orientação espacial.

- - Desorganização do texto, pois não observam a margem parando muito antes ou ultrapassando. Quando este último acontece, tende a amontoar letras na borda da folha.

- - Desorganização das letras: letras retocadas, hastes mal feitas, atrofiadas, omissão de letras, palavras, números, formas distorcidas, movimentos contrários à escrita (um S ao invés do 5 por exemplo).

- - Desorganização das formas: tamanho muito pequeno ou muito grande, escrita alongada ou comprida.

- - O espaço que dá entre as linhas, palavras e letras são irregulares.

- - Liga as letras de forma inadequada e com espaçamento irregular.

O disgráfico não apresenta características isoladas, mas um conjunto de algumas destas citadas acima.

Tipos:

Podemos encontrar dois tipos de disgrafia:

- Disgrafia motora (discaligrafia): a criança consegue falar e ler, mas encontra dificuldades na coordenação motora fina para escrever as letras, palavras e números, ou seja, vê a figura gráfica, mas não consegue fazer os movimentos para escrever

- Disgrafia perceptiva: não consegue fazer relação entre o sistema simbólico e as grafias que representam os sons, as palavras e frases. Possui as características da dislexia sendo que esta está associada à leitura e a disgrafia está associada à escrita.

Tratamento e orientações:

O tratamento requer uma estimulação lingüística global e um atendimento individualizado complementar à escola.

Os pais e professores devem evitar repreender a criança.

Reforçar o aluno de forma positiva sempre que conseguir realizar uma conquista.

Na avaliação escolar dar mais ênfase à expressão oral.

Evitar o uso de canetas vermelhas na correção dos cadernos e provas.

Conscientizar o aluno de seu problema e ajudá-lo de forma positiva.

Dislexia

Dislexia

Simaia Sampaio

O que é?

A dislexia é um distúrbio na leitura afetando a escrita, normalmente detectado a partir da alfabetização, período em que a criança inicia o processo de leitura de textos. Seu problema torna-se bastante evidente quando tenta soletrar letras com bastante dificuldade e sem sucesso.

Porém se a criança estiver diante de pais ou professores especialistas a dislexia poderá ser detectada mais precocemente, pois a criança desde pequena já apresenta algumas características que denunciam suas dificuldades, tais como:

- - Demora em aprender a segurar a colher para comer sozinho, a fazer laço no cadarço do sapato, pegar e chutar bola.

- - Atraso na locomoção.

- - Atraso na aquisição da linguagem.

- - Dificuldade na aprendizagem das letras.

A criança dislexa possui inteligência normal ou muitas vezes acima da média. Sua dificuldade consiste em não conseguir identificar símbolos gráficos (letras e/ou números) tendo como conseqüência disso a dificuldade na leitura e escrita.

A dislexia normalmente é hereditária. Estudos mostram que dislexos possuem pelo menos um familiar próximo com dificuldade na aprendizagem da leitura e escrita.

O distúrbio envolve percepção, memória e análise visual. A área do cérebro responsável por estas funções envolve a região do lobo occipital e parietal.

Características:

- Confusão de letras, sílabas ou palavras que se parecem graficamente: a-o, e-c, f-t, m-n, v-u.

- Inversão de letras com grafia similar: b/p, d/p, d/q, b/q, b/d, n/u, a/e.

- Inversões de sílabas: em/me, sol/los, las/sal, par/pra.

- Adições ou omissões de sons: casa Lê casaco, prato lê pato.

- Ao ler pula linha ou volta para a anterior.

- Soletração defeituosa: lê palavra por palavra, sílaba por sílaba, ou reconhece letras isoladamente sem poder ler.

- Leitura lenta para a idade.

- Ao ler, movem os lábios murmurando.

- Freqüentemente não conseguem orientar-se no espaço sendo incapazes de distinguir direita de esquerda. Isso traz dificuldades para se orientarem com mapas, globos e o próprio ambiente.

- Usa dedos para contar.

- Possui dificuldades em lembrar se seqüências: letras do alfabeto, dias da semana, meses do ano, lê as horas.

- Não consegue lembrar-se de fatos passados como horários, datas, diário escolar.

- Alguns possuem dificuldades de lembrar objetos, nomes, sons, palavras ou mesmo letras.

- Muitos conseguem copiar, mas na escrita espontânea como ditado e ou redações mostra severas complicações.

- Afeta mais meninos que meninas.

O dislexo geralmente demonstra insegurança e baixa auto-estima, sentindo-se triste e culpado. Muitos se recusam a realizar atividades com medo de mostrar os erros e repetir o fracasso. Com isto criam um vínculo negativo com a aprendizagem, podendo apresentar atitude agressiva com professores e colegas.

Antes de atribuir a dificuldade de leitura à dislexia alguns fatores deverão ser descartados, tais como:

- imaturidade para aprendizagem;

- problemas emocionais;

- métodos defeituosos de aprendizagem;

- ausência de cultura;

- incapacidade geral para aprender.

Tratamento e orientações:

- O tratamento deve ser realizado por um especialista ou alguém que tenha noções de ajuda ao dislexo. Deve ser individual e freqüente.

Durante o tratamento deve-se usar material estimulante e interessante. - Ao usar jogos e brinquedos empregar preferencialmente os que contenham letras e palavras.

- Reforçar a aprendizagem visual com o uso de letras em alto relevo, com diferentes texturas e cores. É interessante que ele percorra o contorno das letras com os dedos para que aprenda a diferenciar a forma da letra.

- Deve-se iniciar por leituras muito simples com livros atrativos, aumentando gradativamente conforme seu ritmo.

- Não exigir que faça avaliação de outra língua. Deve-se dar mais importância na superação de sua dificuldade do que na aprendizagem de outra língua.

- O tratamento psicológico não é recomendado a não ser nos casos de graves complicações emocionais.

- Substituir o ensino através do método global (já que não consegue perceber o todo), por um sistema mais fonético.

- Não estimule a competição com colegas nem exija que ele responda no mesmo tempo que os demais.

- Oriente o aluno para que escreva em linhas alternadas, para que tanto ele quanto o professor possa entender o que escreveu e poder corrigi-los.

- Quando a criança não estiver disposta a fazer a lição em um dia ou outro não a force. Procure outras alternativas mais atrativas para que ele se sinta estimulado.

- Nunca critique negativamente seus erros. Procure mostrar onde errou, porque errou e como evitá-los. Mas atenção: não exagere nas inúmeras correções, isso pode desmotivá-lo. Procure mostrar os erros mais relevantes.

- Peça que os pais releiam o diário de classe sem criticá-los por não conseguir fazê-lo, pois a criança pode esquecer o que foi pedido e/ou não conseguir ler as instruções.

Bibliografia:

CONDEMARÍN, Mabel, BLOMQUIST, Marlys. (1989). Dislexia; manual de leitura corretiva. 3ª ed. Tradução de Ana Maria Netto Machado. Porto Alegre: Artes Médicas.

ELLIS, Andrew W. (1995). Leitura, escrita e dislexia: uma análise cognitiva. 2 ed. Tradução de Dayse Batista. Porto Alegre: Artes Médicas.

JOSÉ, Elisabete da Assunção José & COELHO, Maria Teresa. Problemas de Aprendizagem. 12ª edição, São Paulo: Ática.


Discalculia

Simaia Sampaio


A matemática para algumas crianças ainda é um bicho de sete cabeças. Muitos não compreendem os problemas que a professora passa no quadro e ficam muito tempo tentando entender se é para somar, diminuir ou multiplicar; não sabem nem o que o problema está pedindo. Alguns, em particular, não entendem os sinais, muito menos as expressões. Contas? Só nos dedos e olhe lá.

Em muitos casos o problema não está na criança, mas no professor que elabora problemas com enunciados inadequados para a idade cognitiva da criança.

Carraher afirma que:

“Vários estudos sobre o desenvolvimento da criança mostram que termos quantitativos como “mais”, “menos”, maior”, “menor” etc. são adquiridos gradativamente e, de início, são utilizados apenas no sentido absoluto de “o que tem mais”, “o que é maior” e não no sentido relativo de “ ter mais que” ou “ser maior que”. A compreensão dessas expressões como indicando uma relação ou uma comparação entre duas coisas parece depender da aquisição da capacidade de usar da lógica que é adquirida no estágio das operações concretas”...”O problema passa então a ser algo sem sentido e a solução, ao invés de ser procurada através do uso da lógica, torna-se uma questão de adivinhação” (2002, p. 72).

No entanto, em outros casos a dificuldade pode ser realmente da criança e trata-se de um distúrbio e não de preguiça como pensam muitos pais e professores desinformados.

Em geral, a dificuldade em aprender matemática pode ter várias causas.

De acordo com Johnson e Myklebust, terapeutas de crianças com desordens e fracassos em aritmética, existem alguns distúrbios que poderiam interferir nesta aprendizagem:

  • Distúrbios de memória auditiva:

- A criança não consegue ouvir os enunciados que lhes são passados oralmente, sendo assim, não conseguem guardar os fatos, isto lhe incapacitaria para resolver os problemas matemáticos.

- Problemas de reorganização auditiva: a criança reconhece o número quando ouve, mas tem dificuldade de lembrar do número com rapidez.

  • Distúrbios de leitura:

- Os dislexos e outras crianças com distúrbios de leitura apresentam dificuldade em ler o enunciado do problema, mas podem fazer cálculos quando o problema é lido em voz alta. É bom lembrar que os dislexos podem ser excelentes matemáticos, tendo habilidade de visualização em três dimensões, que as ajudam a assimilar conceitos, podendo resolver cálculos mentalmente mesmo sem decompor o cálculo. Podem apresentar dificuldade na leitura do problema, mas não na interpretação.

- Distúrbios de percepção visual: a criança pode trocar 6 por 9, ou 3 por 8 ou 2 por 5 por exemplo. Por não conseguirem se lembrar da aparência elas têm dificuldade em realizar cálculos.

  • Distúrbios de escrita:

- Crianças com disgrafia têm dificuldade de escrever letras e números.

Estes problemas dificultam a aprendizagem da matemática, mas a discalculia impede a criança de compreender os processos matemáticos.

A discalculia é um dos transtornos de aprendizagem que causa a dificuldade na matemática. Este transtorno não é causado por deficiência mental, nem por déficits visuais ou auditivos, nem por má escolarização, por isso é importante não confundir a discalculia com os fatores citados acima.

O portador de discalculia comete erros diversos na solução de problemas verbais, nas habilidades de contagem, nas habilidades computacionais, na compreensão dos números.

Kocs (apud García, 1998) classificou a discalculia em seis subtipos, podendo ocorrer em combinações diferentes e com outros transtornos:

  1. Discalculia Verbal - dificuldade para nomear as quantidades matemáticas, os números, os termos, os símbolos e as relações.

  2. Discalculia Practognóstica - dificuldade para enumerar, comparar e manipular objetos reais ou em imagens matematicamente.

  3. Discalculia Léxica - Dificuldades na leitura de símbolos matemáticos.

  4. Discalculia Gráfica - Dificuldades na escrita de símbolos matemáticos.

  5. Discalculia Ideognóstica – Dificuldades em fazer operações mentais e na compreensão de conceitos matemáticos.

  6. Discalculia Operacional - Dificuldades na execução de operações e cálculos numéricos.

Na área da neuropsicologia as áreas afetadas são:

  • Áreas terciárias do hemisfério esquerdo que dificulta a leitura e compreensão dos problemas verbais, compreensão de conceitos matemáticos;

  • Lobos frontais dificultando a realização de cálculos mentais rápidos, habilidade de solução de problemas e conceitualização abstrata.

  • Áreas secundárias occípito-parietais esquerdos dificultando a discriminação visual de símbolos matemáticos escritos.

  • Lobo temporal esquerdo dificultando memória de séries, realizações matemáticas básicas.

De acordo com Johnson e Myklebust a criança com discalculia é incapaz de:

  • Visualizar conjuntos de objetos dentro de um conjunto maior;

  • Conservar a quantidade: não compreendem que 1 quilo é igual a quatro pacotes de 250 gramas.

  • Seqüenciar números: o que vem antes do 11 e depois do 15 – antecessor e sucessor.

  • Classificar números.

  • Compreender os sinais +, - , ÷, ×.

  • Montar operações.

  • Entender os princípios de medida.

  • Lembrar as seqüências dos passos para realizar as operações matemáticas.

  • Estabelecer correspondência um a um: não relaciona o número de alunos de uma sala à quantidade de carteiras.

  • Contar através dos cardinais e ordinais.

Os processos cognitivos envolvidos na discalculia são:

1. Dificuldade na memória de trabalho;

2. Dificuldade de memória em tarefas não-verbais;

3. Dificuldade na soletração de não-palavras (tarefas de escrita);

4. Não há problemas fonológicos;

5. Dificuldade na memória de trabalho que implica contagem;

6. Dificuldade nas habilidades visuo-espaciais;

7. Dificuldade nas habilidades psicomotoras e perceptivo-táteis.

De acordo com o DSM-IV, o Transtorno da Matemática caracteriza-se da seguinte forma:

  • A capacidade matemática para a realização de operações aritméticas, cálculo e raciocínio matemático, encontra-se substancialmente inferior à média esperada para a idade cronológica, capacidade intelectual e nível de escolaridade do indivíduo.

  • As dificuldades da capacidade matemática apresentadas pelo indivíduo trazem prejuízos significativos em tarefas da vida diária que exigem tal habilidade.

  • Em caso de presença de algum déficit sensorial, as dificuldades matemáticas excedem aquelas geralmente a este associadas.

  • Diversas habilidades podem estar prejudicadas nesse Transtorno, como as habilidades lingüisticas (compreensão e nomeação de termos, operações ou conceitos matemáticos, e transposição de problemas escritos em símbolos matemáticos), perceptuais (reconhecimento de símbolos numéricos ou aritméticos, ou agrupamento de objetos em conjuntos), de atenção (copiar números ou cifras, observar sinais de operação), e matemáticas (dar seqüência a etapas matemáticas, contar objetos e aprender tabuadas de multiplicação).

Quais os comprometimentos?

  • Organização espacial;

  • Auto-estima;

  • Orientação temporal;

  • Memória;

  • Habilidades sociais;

  • Habilidades grafomotoras;

  • Linguagem/leitura;

  • Impulsividade;

  • Inconsistência (memorização).

Ajuda do professor:

O aluno deve ter um atendimento individualizado por parte do professor que deve evitar:

  • Ressaltar as dificuldades do aluno, diferenciando-o dos demais;

  • Mostrar impaciência com a dificuldade expressada pela criança ou interrompê-la várias vezes ou mesmo tentar adivinhar o que ela quer dizer completando sua fala;

  • Corrigir o aluno freqüentemente diante da turma, para não o expor;

  • Ignorar a criança em sua dificuldade.

Dicas para o professor:

· Não force o aluno a fazer as lições quando estiver nervoso por não ter conseguido;

· Explique a ele suas dificuldades e diga que está ali para ajudá-lo sempre que precisar;

· Proponha jogos na sala;

· Não corrija as lições com canetas vermelhas ou lápis;

· Procure usar situações concretas, nos problemas.

Ajuda do profissional:

Um psicopedagogo pode ajudar a elevar sua auto-estima valorizando suas atividades, descobrindo qual o seu processo de aprendizagem através de instrumentos que ajudarão em seu entendimento. Os jogos irão ajudar na seriação, classificação, habilidades psicomotoras, habilidades espaciais, contagem.

Recomenda-se pelo menos três sessões semanais.

O uso do computador é bastante útil, por se tratar de um objeto de interesse da criança.

O neurologista irá confirmar, através de exames apropriados, a dificuldade específica e encaminhar para tratamento. Um neuropsicologista também é importante para detectar as áreas do cérebro afetadas. O psicopedagogo, se procurado antes, pode solicitar os exames e avaliação neurológica ou neuropsicológica.

O que ocorre com crianças que não são tratadas precocemente?

  • Comprometimento do desenvolvimento escolar de forma global

  • O aluno fica inseguro e com medo de novas situações

  • Baixa auto-estima devido a críticas e punições de pais e colegas

  • Ao crescer o adolescente / adulto com discalculia apresenta dificuldade em utilizar a matemática no seu cotidiano.

Qual a diferença? Acalculia e Discalculia.

A discalculia já foi relatada acima.

A acalculia ocorre quando o indivíduo, após sofrer lesão cerebral, como um acidente vascular cerebral ou um traumatismo crânio-encefálico, perde as habilidades matemáticas já adquiridas. A perda ocorre em níveis variados para realização de cálculos matemáticos.

Cuidado!

As crianças, devido a uma série de fatores, tendem a não gostar da matemática, achar chata, difícil. Verifique se não é uma inadaptação ao ensino da escola, ou ao professor que pode estar causando este mal estar. Se sua criança é saudável e está se desenvolvendo normalmente em outras disciplinas não se desespere, mas é importante procurar um psicopedagogo para uma avaliação.

Muitas confundem inclusive maior-menor, mais-menos, igual-diferente, acarretando erros que poderão ser melhorados com a ajuda de um professor mais atento.

Bibliografia:

CARRAHER, Terezinha Nunes (Org.). Aprender Pensando. Petrópolis, Vozes, 2002.

GARCÍA, J. N. Manual de Dificuldades de Aprendizagem. Porto Alegre, ArtMed, 1998.

JOSÉ, Elisabete da Assunção, Coelho, Maria Teresa. Problemas de aprendizagem. São Paulo, Ática, 2002.

RISÉRIO, Taya Soledad. Definição dos transtornos de aprendizagem. Programa de (re) habilitação cognitiva e novas tecnologias da inteligência. 2003.

http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/dicionario.asp?id=133

http://www.juliannamartins.ubbi.com.br/pagina2.html